Na noite de domingo (13), o audiovisual gaúcho conheceu os vencedores do 20º Prêmio Assembleia Legislativa de Cinema - Mostra Gaúcha de Curtas no Festival de Cinema de Gramado. A cerimônia realizada no Palácio dos Festivais reconheceu Concha de água doce, de Lau Azevedo e João Pires, como o melhor filme de curta-metragem gaúcho. Nesta edição Pelotas foi representada por quatro obras, produzidas por alunos ou egressos dos cursos de Cinema da Universidade Federal de Pelotas. Um destes, Carcinização, conquistou o prêmio de Melhor Desenho de Som para Ana Ambrosano e Mariana do Prado.

"O curta é nosso, feito em TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), é prata da casa", conta orgulhosa a professora Cintia Langie, da UFPel. O filme surgiu do TCC coletivo no curso de Cinema de Animação, orientado pelo professor Guilherme Carvalho da Rosa, e envolveu quatro estudantes: Denis Souza, Ana Ambrosano, Ícaro Regina, Dario Torres e Victoria Sugar.

Além de Carcinização, com direção de Denis Souza, concorrem pelo município os curtas: Combustão, de João Werlang e Pedro Bournoukian; Aurora, de Bruna Ueno, e Tremendo trovão, de Rubens Fabricio Anzolin. "Estou muito feliz pelo prêmio de Desenho de Som, uma coisa que a gente se esforçou bastante para fazer no filme", fala Souza.

Alma do filme

A obra começou a ser desenvolvida em fevereiro de 2022 e foi produzida pelo coletivo de animadores e artistas Panelinha Produções. Souza explica que o Desenho de Som é o planejamento que é feito para as gravações de som, determinando como a obra vai ser ouvida pela plateia. "Se faz um roteiro de som e para a animação isso é feito do zero, porque a gente não grava com câmeras e microfones para fazer a ambiência do filme", comenta.

Para o diretor, um bom roteiro de áudio é tão importante para uma animação, quanto o roteiro visual da história. Eles dão vida ao filme. "Não tem como, porque o movimento em si não vai gerar um som, como quando você está gravando com uma câmera."

Denis Souza é natural de São Francisco do Sul, em Santa Catarina, veio para Pelotas em 2018 para fazer o curso da UFPel. De acordo com o diretor, Carcinização vai tentar uma carreira em festivais. "A gente está muito feliz por ter passado curta aqui em Gramado, foi o primeiro festival que a gente enviou e o primeiro que o filme está passando. Ele vai passar também em Recife no Animage (Festival Internacional de Animação de Pernambuco, realizado desde 2008), que vai acontecer em outubro, e a gente tá enviando para outros", conta.

Ana Ambrosano, natural de Piracicaba, São Paulo, foi até Gramado e recebeu o prêmio das mãos do presidente da Fundacine, Beto Rodrigues. “Pela importância do festival para o Rio Grande do Sul e para todo o Brasil, pela história e curadoria do festival é um reconhecimento que valoriza meu trabalho como cineasta, valoriza a importância da Universidade pública e, como recém formada do curso de Cinema de Animação da UFPel, me motiva ainda mais a seguir me dedicando na para o cinema brasileiro”, diz.

Sobre a emoção de estar no palco do Festival, Ana comenta que foi uma honra poder estar no mesmo palco com outros artistas que também foram premiados na noite. “Estar ali presente com tantas figuras importantes é um aprendizado enorme, poder trocar contatos, conversar, trocar experiências e isso não tem dinheiro que pague.”

A também catarinense Mariana do Prado diz que a premiação foi uma surpresa e, ao mesmo tempo, um privilégio. “O trabalho com som foi algo que descobri durante a faculdade, quando entrei não imaginava que iria me interessar por essa área. E estar presente nesse festival com muitos colegas e amigos, representando uma faculdade pública, é uma honra.”

Mari, que se formou em março deste ano no curso de Cinema e Audiovisual tem no currículo outras curtas, como Mulher do tempo, também da Panelinha Produções. “Só tenho a agradecer a equipe de Carcinização, a gente construiu esse curta juntos e o resultado foi maravilhoso, assim como o processo.”

Sinopse do curta Carcinização

Três amigos estão passando por mudanças em suas vidas, Liz quer mudar o estilo de música que toca, Mari quer trancar a faculdade e P1 quer virar um caranguejo.

Outros destaques gaúchos

A primeira edição do Troféu Sirmar Antunes foi entregue para Vera Lopes, na noite de domingo. Atriz e autora de relevante atuação no teatro, cinema e cenário cultural do Rio Grande do Sul e do Brasil, que tem entre seus trabalhos produções como o curta-metragem O dia em que Dorival encarou a guarda e o longa-metragem Netto Perde sua alma.

O Prêmio Sedac/Iecine O Futuro Nos Une reconheceu três talentos do audiovisual que se destacaram no desenvolvimento da arte e da indústria cinematográfica: Valéria Barcellos, Glênio Póvoas e Jorge Henrique "Boca".

Valéria é artista, cantora, atriz de teatro, televisão e cinema e abriu espaço para outras mulheres, principalmente por sua contribuição na visibilidade de mulheres trans. Também premiado, Glênio Póvoas é reconhecido por sua dedicação e valorização à memória do cinema gaúcho. O terceiro homenageado, Jorge Henrique "Boca", foi escolhido por sua dedicação através de gerações e por entregar excelência em imagens.

Outra homenagem entregue na noite de domingo foi o Troféu Leonardo Machado, que destaca uma atriz ou ator que tenha prestado importante contribuição ao desenvolvimento da arte e da indústria cinematográfica local e brasileira. Nesta edição quem recebeu foi Clemente Viscaíno. O júri concedeu Menção Honrosa ao filme Rasgão, de Victor Di Marco e Márcio Picoli, por aliar a narrativa cinematográfica aos recursos de acessibilidade de uma forma inventiva, inovadora e criativa.

Ministério da Cultura e Banco do Brasil apresentam o 51º Festival de Cinema de Gramado. Promoção: prefeitura de Gramado. Financiamento Pró-Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Realização Gramadotur, Ancine - Agência Nacional de Cinema. Ministério da Cultura, Governo Federal, Brasil, União e Reconstrução.

Conheça os vencedores

Melhor Filme - Concha de água doce, de Lau Azevedo e João Pires
Melhor Ator - Aren Gallo em Concha de água doce
Melhor Atriz - Denizeli Cardoso e Gabriela Greco em Colapso
Melhor Direção - Fernanda Reis e Gabriel Faccini, por Sabão líquido
Melhor Roteiro - Ellen Correa, por O tempo
Melhor Fotografia - Mari Moraga, por Fiar o vento
Melhor Montagem - André Berzagui, por Messi
Melhor Direção de Arte - Vanessa Rodrigues e Richard Tavares, por Colapso
Melhor Trilha Sonora - Gabriel Araújo, Nina Fola e Malyck Badu, por O tempo
Melhor Desenho de Som - Ana Ambrosano e Mari do Prado, por Carcinização
Melhor Produção Executiva - Pam Hauber e Edu Rabin, por Nau
Melhor Filme pelo Júri da Crítica - Centenário da minha bisa, de Cristyelen Ambrozio.